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Foto do escritorBruna Fernandes

Um guia de como escolher a melhor ração

Dúvida frequente entre tutores e até colegas veterinários, saber escolher a melhor ração pro pet não é tão simples quanto optar pela mais em conta, nem tão difícil que você tutor não consiga fazer sozinho, veja:



Alimento compatível com a fase do animal


Cães e gatos após o desmame até 1 ano de idade (ou 3 anos pros pets de porte gigante, como o Dogue Alemão e o Maine Coon, que atingem a fase adulta mais tarde) devem consumir rações destinadas á filhotes, pois na fase de crescimento há nutrientes que serão necessários em níveis específicos. Em média, a partir da 6ª semana de vida o filhote já poderá desmamar e consumir outros alimentos, visto que somente o leite materno não mais será suficiente para suprir as calorias e os nutrientes que ele precisa ingerir diariamente. Atualmente temos a opção de fazer a transição do desmame pro alimento sólido com as papinhas de desmame disponíveis no mercado. Estes são alimentos desenvolvidos para facilitar a adaptação do organismo do pet á alimentos novos, sem que ocorram diarreias, gases ou vômitos, o que nessa fase pode ser fatal ao filhote. As papinhas são alimentos completos, que devem ser oferecidos sozinhos ao animal, sem a necessidade de se associar ração ou suplementos.


A fase de crescimento de cães e gatos requer níveis mais altos de energia (calorias), por volta de duas vezes do que para animais adultos, visto que em apenas 12 meses eles experienciam um rápido desenvolvimento corpóreo (compare quanto tempo uma criança leva pra atingir a fase adulta e concluir seu desenvolvimento, é compreensível por que cães e gatos precisam de um alimento diferenciado pra essa fase, não é?).


Além das calorias, há nutrientes em particular que devem estar em níveis adequados na dieta, como a relação de cálcio e fósforo, que para filhotes de cães deve estar presente no alimento em 1,6:1 na fase inicial do crescimento e 1,8:1 na fase final, e para gatos 1,5:1 durante toda esta fase, diferente de animais adultos que necessitam de uma relação de cálcio e fósforo de 2:1 (FEDIAF, 2020).


É importante salientar que é extremamente contraindicado suplementar a ração do filhote com cálcio, fósforo ou qualquer outro nutriente sem que tenha sido expressamente orientado por um profissional habilitado em nutrição animal, como o médico veterinário e o zootecnista, visto que qualquer suplementação demanda conhecimento técnico para tal, e se feito de forma errada pode acarretar deformidades irreversíveis e dolorosas no filhote.

Há ainda outros nutrientes que devem estar presentes em quantidades diferentes dos animais adultos, como aminoácidos, ômegas, vitaminas e outros minerais. Tudo isso justifica, portanto, a necessidade de se oferecer um alimento específico para filhotes.


Animais adultos e idosos teoricamente podem consumir o mesmo tipo de ração, visto que os níveis mínimos de nutrientes necessários pra essas fases é o mesmo, porém as rações destinadas á animais idosos ( >7 anos) possuem níveis otimizados de certos nutrientes que contribuem pra um envelhecimento saudável. Ao envelhecer, comumente cães e gatos se tornam menos ativos, e seu metabolismo sofre um certo nível de desaceleramento, o que pode influenciar em uma maior facilidade em se acumular gordura em cães. Frente a isto, os alimentos para pet sênior costumam ter menos calorias, a fim de se evitar o desenvolvimento de obesidade. Os felinos, no entanto, parecem sofrer processos diferentes no envelhecimento e podem inicialmente ter também uma maior facilidade pro acumulo de gordura, mas com o tempo passam a desenvolver uma perda de gordura e massa magra mais intensa que cães, o que pode requerer uma dieta com menos energia no início da fase sênior e posterirormente modificar a dieta para que tenha mais energia na fase mais avançada.


Outro fator que muda com essa fase é a diminuição na capacidade em aproveitar os nutrientes, o que pode requerer uma dieta com ingredientes de digestão mais facilitada. Felinos, por serem carnívoros estritos, digerem menos eficientemente os carboidratos do que os cães (carnívoros preferenciais), o que requer uma dieta com carboidratos de baixo índice glicêmico tanto na fase adulta, quanto na senilidade, para evitar uma sobrecarga no pâncreas. Os alimentos geriátricos possuem um teor melhorado de fibras, para auxiliar na saúde intestinal e prevenir enfermidades como: diarréia, colite, diabetes e hiperlipidemia. Para auxiliar na prevenção da perda de massa magra intensa (sarcopenia), comum na senilidade, esses alimentos possuem teores moderadamente elevados de proteínas de alta digestibilidade, quando comparados aos alimentos para adultos.


Os alimentos para animais idosos possuem um incremento também em nutrientes como: vitaminas essenciais ao bom funcionamento do sistema imune, digestivo e á parte cognitiva, bem como com potencial antioxidante (beta caroteno, complexo B, niacina vitamina E, C e D), e de ácidos graxos essenciais e benéficos, como os ômegas 3 e 6. Quanto aos minerais, as rações geriátricas possuem níveis controlados, com ligeiro aumento de cálcio, e uma redução por volta de 15% de fósforo, sem no entanto comprometer a relação de um mineral pro outro. Há ainda níveis otimizados de ferro, iodo, zinco, selênio, cromo, cobre e manganês, por melhorarem funções celulares que podem ser comprometidas com o envelhecimento do organismo. E ainda, estes elementos geralmente estão presentes em formas melhor aproveitadas na digestão (quelatadas), visto que, esta função pode não estar em pleno funcionamento.


Sendo assim, para que o cão ou gato tenha um crescimento satisfatório, uma fase adulta saudável, e um envelhecimento sadio e positivo, é preciso que o alimento que ele vai ingerir ao longo destas fases esteja de acordo com as necessidades particulares de cada época.


Classificação


A classificação dos alimentos para cães e gatos segue uma lógica mercadológica, na qual os alimentos standart/combate/econômico são rações que fornecem os nutrientes essenciais em níveis mínimos recomendados, feitas de matérias primas básicas (digestibilidade em torno de 60%), e que sofrem mudanças na composição de acordo com o preço e disponibilidade de ingredientes.


As rações classificadas em premium e super premium são produtos feitos com matéria prima de melhor qualidade (aproveitamento de 75 a 90%), possuem nutrientes em níveis otimizados (fornecem mais do que o mínimo), contém ingredientes funcionais, que auxiliam na saúde geral do animal ( pré e probióticos, elementos pra saúde bucal, articular, da pele e pelos...). Esses alimentos tem um melhor custo-benefício, visto que, como o animal aproveita mais nutrientes dessas rações, não é preciso oferecer uma grande quantidade para saciá-lo e fornecer os nutrientes essenciais. Muitos usam de ingredientes nobres, sem grãos, glúten, transgênicos, e aditivos sintéticos potencialmente prejudiciais (conservantes e corantes sintéticos). Há alimentos desta classificação que focam em raças ou portes específicos, visando necessidades particulares, como a prevenção da displasia em cães de grande porte, ou melhora do pelo em cães de pelo longo.


E há ainda as rações terapêuticas, de uso somente com orientação expressa de um profissional, como as rações para problemas renais, cardíacos, hepáticos, de obesidade e etc. Se estas forem usadas em aninais saudáveis poderão acarretar deficiências ou excessos nutricionais, visto que os níveis de nutrientes são voltados para patologias que demandam composições específicas.


Elementos potencialmente prejudiciais a longo prazo


As rações em geral são alimentos que precisam ter certo tempo de validade na prateleira do pets shop, e ao mesmo tempo precisam ter boa aparência, e ser atrativa ao animal. Esses requisitos demandam que as fábricas utilizem substâncias denominadas aditivos conservantes, para que os ingredientes mantenham a qualidade e segurança para o consumo mesmo após meses de fabricado. São inúmeros tipo de aditivos utilizados na indústria de alimentação animal, e estes tem por definição: "substâncias adicionadas às rações com a finalidade de conservar, intensificar ou modificar suas propriedades, desde que não prejudique o seu valor nutritivo" (Decreto 76.986 de 06/01/76 - art. 4º, item VII, que regulamenta a lei 6198 de 26/12/1974).


Os aditivos comumente utilizados em rações para cães e gatos são: conservantes, antioxidantes, corantes, palatabilizantes, aromatizantes , estabilizantes, prebióticos, probióticos, simbióticos, inibidores de crescimento de microrganismos, entre outros. Estes podem ser de origem sintética ou natural, e ambos são incluídos em níveis testados quanto á dosagem tóxica. Entretanto, há aditivos de origem sintética que tem sido questionados quanto á real seguridade no consumo a longo prazo e o potencial cancerígeno e alergênico dessas substâncias, tanto na nutrição humana, quanto na nutrição animal. E são estes que, por terem sua segurança questionada, recomenda-se evitar sempre que possível alimentos que os possuam na composição:


  • Conservantes: Hidroxianisol butilado (BHA), hidroxitolueno butilado (BHT), butil-hidroquinona terciária (TBHQ), propil galato (PG), etoxiquim)

  • Corantes: caramelo II, III e IV, vermelho 40, dióxido de titânio

Prefira por rações que substituam estes aditivos sintéticos pelos aditivos conservantes naturais, como as vitamina A, C e E, beta caroteno, minerais (selênio, manganês, zinco), os extratos de ervas e outros alimentos com potencial antioxidante (alecrim, salvia, orégano, chá verde..).


Situações individuais


Animais que estejam em alguma situação particular, como a gestação, amamentação, doença renal, doença hepática, obesidade, doença articular e etc, precisam fazer acompanhamento com profissional capacitado em nutrição animal, para que suas necessidades especiais possam ser atendidas.


Perguntas frequentes nesse assunto


  1. O que é melhor pro meu pet? O que você puder oferecer naquele momento. Se é apenas uma ração mais básica, tudo bem! Seu pet estará recebendo os nutrientes necessários para sobreviver. Se for uma dieta caseira, tudo bem também! Sendo formulada por um profissional capacitado na área ela também terá os nutrientes que o seu pet precisa para sobreviver, tanto através dos alimentos quanto através dos suplementos obrigatórios. Jamais se sinta culpado por não poder oferecer o que outras pessoas estão dizendo que é melhor pro seu animal. Se está dentro do seu orçamento e você ativamente procura por meios de melhorar a saúde do seu pet, então você está fazendo o correto.

  2. De todas essas categorias, qual é a melhor? Em questão de qualidade de ingredientes e aproveitamento de nutrientes as rações premium e super-premium serão melhores.

  3. Meu pet vai ficar doente se eu der uma ração básica? Todo produto de alimentação natural deve atender certos requisitos quanto á sua composição. Se no rótulo do produto estiver escrito " alimento completo" isso quer dizer que ele tem em sua composição pelo menos o mínimo dos nutrientes essenciais á sobrevivência do animal a que se destina. Erros de fabricação podem acontecer? Sim. Assim como em qualquer produto industrializado, seja da alimentação animal ou humana, e até mesmo em uma dieta caseira. Se o seu pet estiver apresentando qualquer sinal de mal-estar leve-o ao veterinário assim que possível. Através da investigação do médico veterinário será possível determinar se pode ter algum erro na alimentação do pet, ou se é de outra origem.

  4. Quero oferecer uma alimentação mais saudável, mas não tenho condições de manter o meu animal numa dieta caseira, o que posso fazer? Há a opção da alimentação mista, ou mix feeding, que é a prática de se adicionar na ração alimentos frescos e funcionais, de forma estratégica. Para tal, é necessário auxílio de um profissional capacitado, que determinará quanto de cada alimento deverá ser adicionado á dieta do pet sem causar malefícios por excessos de nutrientes.



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